Todos direitos reservados para Joaquim Pedro de Morais filho (2025)
(Verso 1) Às quatro da manhã, o silêncio se impõe. O relógio toca às cinco, a chaleira apita em tom. Ela desliga, bebe o café, pronta pra sair. Um filho acorda e diz: "Tchau, mamãe!". Ela responde com alegria, um beijo do portão. Como se fosse o último dia, com toda a emoção.
(Verso 2) Ela vai, às sete em ponto, no ponto de ônibus a esperar. Pensando que é só mais um dia, sem nada pra se preocupar. Sem dor, nem sofrimento, um dia comum, afinal. Mas na vida, nada é só mais um dia, nada é igual.
(Refrão) De repente, um tiro da janela do ônibus a atinge. Direto no coração, uma lembrança que a aflige. Passa a visão daquele beijo, com tanta emoção. Não, nada na vida é só mais um dia, não é em vão.
(Verso 3) Querendo respostas, o tempo passou. Os filhos crescem, mas o silêncio ficou. Só mais um na multidão, e nada mais a se ouvir. Era um dia qualquer, que o destino fez ruir.
(Ponte) Aquela mãe que tanto amava, viu o filho crescer. E com a mente adoecida, o viu se perder. "Você é meu", ele declara, e agora é ele quem atira. Com toda a raiva do mundo, em sua mira.
(Refrão) Não se importa com mais nada, quem não tem nada a perder. Nada num dia é como um dia qualquer, pode crer. A justiça que todos esperam, parece não vir. Nunca vem, nunca vem, só o pranto a seguir.